Porquê fotografia de animais?

De onde vem o meu interesse por fotografar a vida selvagem?

Em 2024, foram tiradas quase 2 biliões (2.000.000.000.000) de fotografias em todo o mundo. São mais de 50.000 fotos por segundo! Este número impressionante, que tende a aumentar, deve-se principalmente ao uso de “smartphone”, representando 93% desse valor. Este valor só nos mostra a importância que hoje damos ao registo fotográfico. De facto, com a facilidade de acesso ao telemóvel, à partilha de informação e à crescente influência das redes sociais, há uma maior tendência para guardar na memória digital aquilo que a nossa memória um dia poderá esquecer.

Eu não sou diferente: o meu interesse pela fotografia nasceu da necessidade de registar os sítios que visitava. Na perspetiva de fotografar a minha visita aos Açores em 2019 (local de eleição para mim), adquiri a minha primeira máquina fotográfica, uma Nikon D3400. A minha inexperiência levou-me a ter um dedo empolgado a fotografar tudo o que via em modo automático (modo segundo o qual a câmara escolhe erradamente as melhores configurações). É claro que conseguia fotografar tudo, mas não estava a dar destaque a nada do que via, perdendo-se o verdadeiro impacto da foto. Desse modo não me era possível tirar nenhuma das fotos que partilho hoje nesta página. Desde essa altura, a Nikon tornou-se numa companheira nas minhas aventuras, e eu fui explorando as várias definições, através de centenas de horas de estudo, de leitura, de vídeos e workshops.

Desde cedo percebi que fotografar animais, e em particular aves, é o que me dá mais prazer. Este gosto particular talvez tenha surgido pela facilidade de ver aves selvagens de espécies distintas perto de casa ou, pelo facto da primeira fotografia que me deixou orgulhoso ter sido a uma Milhafre-Preto no Parque Biológico de Gaia. Aquele momento que imortalizei com um clique da minha câmara, fez-me acreditar que talvez houvesse talento em mim para esta atividade. 

Dou preferência a aves e à vida selvagem, evitando animais em cativeiro. No entanto, gosto pontualmente de variar e visitar zoos e parques biológicos onde sei que o tratamento ao animal é o adequado, em particular a animais em vias de extinção. Nesse sentido, conservação animal é outro assunto que me desperta interesse. Um motivo de orgulho para mim foi o apadrinhamento de um Panda Vermelho no Zoo Santo Inácio.

Pergunto-me muitas vezes o que caracteriza um bom fotógrafo de vida selvagem. Pela minha experiência, começa por conhecer a câmara de olhos fechados. Por vezes só há uma oportunidade para tirar a foto perfeita e não há margem para falhar porque as configurações não estavam corretas. Segundo, conhecer o animal que vai ser alvo da minha lente: saber qual o seu habitat; o seu comportamento, quer na presença de outros animais quer na presença do Homem (acima de tudo, perturbar ao mínimo o seu habitat, tarefa que hoje em dia é cada vez mais difícil, pois o seu espaço vai diminuindo); e qual a fase do dia em que está mais ativo. E é neste último ponto que ser madrugador é essencial. As aves madrugam, como as galinhas. Por outro lado, é comum em certos habitats a presença de espécies menos frequentes, raras ou raridades. Nesse sentido, é importante registar esta espécie e partilhar em redes de informação (na sua maioria online) que facilitam a contagem das espécies e o estudo do seu estado de conservação. Mas já disse que a maior dificuldade é identificar a ave?

Por fim, um fotógrafo (e observador) de aves deve ter muita paciência (muita!). Ter a câmara pronta e saber esperar pelo momento certo para capturar a imagem é o mais importante. Tudo isto fica mais fácil a cada fotografia e a cada erro.